3
Perguntou-lhes o faraó: “Em que vocês trabalham?” Eles lhe
responderam: “Teus servos são pastores, como os nossos antepassados”.
4
Disseram-lhe ainda: “Viemos morar aqui por uns tempos, porque a fome é
rigorosa em Canaã, e os rebanhos de teus servos não têm pastagem.
Agora, por favor, permite que teus servos se estabeleçam em Gósen”.
5 Então o faraó disse a José: “Seu pai e seus irmãos vieram a você,
6
e a terra do Egito está a sua disposição; faça com que seu pai e seus
irmãos habitem na melhor parte da terra. Deixe-os morar em Gósen. E se
você vê que alguns deles são competentes, coloque-os como responsáveis
por meu rebanho.”
7 Então José levou seu pai Jacó ao faraó e o apresentou a ele. Depois Jacó abençoou o faraó,
8 e este lhe perguntou: “Quantos anos o senhor tem?”
9
Jacó respondeu ao faraó: “São cento e trinta os anos da minha
peregrinação. Foram poucos e difíceis e não chegam aos anos da
peregrinação dos meus antepassados”.
10 Então, Jacó abençoou o faraó e retirou-se.
11
José instalou seu pai e seus irmãos e deu-lhes propriedade na melhor
parte das terras do Egito, na região de Ramessés, conforme a ordem do
faraó.
12
Providenciou também sustento para seu pai, para seus irmãos e para
toda a sua família, de acordo com o número de filhos de cada um.
13 Não havia mantimento em toda a região, pois a fome era rigorosa; tanto o Egito como Canaã desfaleciam por causa da fome.
14
José recolheu toda a prata que circulava no Egito e em Canaã, dada
como pagamento do trigo que o povo comprava, e levou-a ao palácio do
faraó.
15
Quando toda a prata do Egito e de Canaã se esgotou, todos os egípcios
foram suplicar a José: “Dá-nos comida! Não nos deixes morrer só porque a
nossa prata acabou”.
16 E José lhes disse: “Tragam então os seus rebanhos, e em troca lhes darei trigo, uma vez que a prata de vocês acabou”.
17
E trouxeram a José os rebanhos, e ele deu-lhes trigo em troca de
cavalos, ovelhas, bois e jumentos. Durante aquele ano inteiro ele os
sustentou em troca de todos os seus rebanhos.
18
O ano passou, e no ano seguinte voltaram a José, dizendo: “Não temos
como esconder de ti, meu senhor, que uma vez que a nossa prata acabou e
os nossos rebanhos lhe pertencem, nada mais nos resta para oferecer, a
não ser os nossos próprios corpos e as nossas terras.
19
Não deixes que morramos e que as nossas terras pereçam diante dos
teus olhos! Compra-nos, e compra as nossas terras, em troca de trigo, e
nós, com as nossas terras, seremos escravos do faraó. Dá-nos sementes
para que sobrevivamos e não morramos de fome, a fim de que a terra não
fique desolada.”
20
Assim, José comprou todas as terras do Egito para o faraó. Todos os
egípcios tiveram que vender os seus campos, pois a fome os obrigou a
isso. A terra tornou-se propriedade do faraó.
21 Quanto ao povo, José o reduziu à servidão, de uma à outra extremidade do Egito.
22
Somente as terras dos sacerdotes não foram compradas, porque, por
lei, esses recebiam sustento regular do faraó, e disso viviam. Por isso
não tiveram que vender as suas terras.
23
Então José disse ao povo: Ouçam! Hoje comprei vocês e suas terras
para o faraó; aqui estão as sementes para que cultivem a terra.
24
Mas vocês darão a quinta parte das suas colheitas ao faraó. Os outros
quatro quintos ficarão para vocês como sementes para os campos e como
alimento para vocês, seus filhos e os que vivem em suas casas.
25 Eles disseram: “Meu senhor, tu nos salvaste a vida. Visto que nos favoreceste, seremos escravos do faraó”.
26
Assim, quanto à terra, José estabeleceu o seguinte decreto no Egito,
que permanece até hoje: um quinto da produção pertence ao faraó. Somente
as terras dos sacerdotes não se tornaram propriedade do faraó.
27
Os israelitas se estabeleceram no Egito, na região de Gósen. Lá
adquiriram propriedades, foram prolíferos e multiplicaram-se muito.
28 Jacó viveu dezessete anos no Egito, e os anos da sua vida chegaram a cento e quarenta e sete.
29
Aproximando-se a hora da sua morte, Israel chamou seu filho José e
lhe disse: “Se quer agradar-me, ponha a mão debaixo da minha coxa e
prometa que será bondoso e fiel comigo: Não me sepulte no Egito.
30
Quando eu descansar com meus pais, leve-me daqui do Egito e
sepulte-me junto a eles”. José respondeu: “Farei como o senhor me pede”.
31 Mas Jacó insistiu: “Jure-me”. E José lhe jurou, e Israel curvou-se apoiado em seu bordão.
Capítulo 48
1
Algum tempo depois, disseram a José: “Seu pai está doente”; e ele foi
vê-lo, levando consigo seus dois filhos, Manassés e Efraim.
2 E anunciaram a Jacó: “Seu filho José veio vê-lo”. Israel reuniu suas forças e assentou-se na cama.
3 Então disse Jacó a José: “O Deus todo-poderoso apareceu-me em Luz, na terra de Canaã, e ali me abençoou,
4
dizendo: “Eu o farei prolífero e o multiplicarei. Farei de você uma
comunidade de povos e darei esta terra por propriedade perpétua aos seus
descendentes”.
5
Agora, pois, os seus dois filhos que lhe nasceram no Egito, antes da
minha vinda para cá, serão reconhecidos como meus; Efraim e Manassés
serão meus, como são meus Rúben e Simeão.
6 Os filhos que lhe nascerem depois deles serão seus; serão convocados sob o nome dos seus irmãos para receberem sua herança.
7
Quando eu voltava de Padã, para minha tristeza Raquel morreu em
Canaã, quando ainda estávamos a caminho, a pouca distância de Efrata. Eu
a sepultei ali, ao lado do caminho para Efrata, que é Belém.”
8 Quando Israel viu os filhos de José, perguntou: “Quem são estes?”
9 Respondeu José a seu pai: “São os filhos que Deus me deu aqui”. Então Israel disse: “Traga-os aqui para que eu os abençoe”.
10
Os olhos de Israel já estavam enfraquecidos por causa da idade
avançada, e ele mal podia enxergar. Por isso José levou seus filhos
para perto dele, e seu pai os beijou e os abraçou.
11 E Israel disse a José: “Nunca pensei que veria a sua face novamente, e agora Deus me concede ver também os seus filhos!”
12 Em seguida, José os tirou do colo de Israel e curvou-se com o rosto em terra.
13
E José tomou os dois, Efraim à sua direita, perto da mão esquerda de
Israel, e Manassés à sua esquerda, perto da mão direita de Israel, e os
aproximou dele.
14
Israel, porém, estendeu a mão direita e a pôs sobre a cabeça de
Efraim, embora este fosse o mais novo e, cruzando os braços, pôs a mão
esquerda sobre a cabeça de Manassés, embora Manassés fosse o filho mais
velho.
15
E abençoou a José, dizendo: “Que o Deus, a quem serviram meus pais
Abraão e Isaque, o Deus que tem sido o meu pastorem toda a minha vida
até o dia de hoje,
16
o Anjo que me redimiu de todo o mal, abençoe estes meninos. Sejam
eles chamados pelo meu nome e pelos nomes de meus pais Abraão e Isaque, e
cresçam muito na terra.”
17
Quando José viu seu pai colocar a mão direita sobre a cabeça de
Efraim, não gostou; por isso pegou a mão do pai, a fim de mudá-la da
cabeça de Efraim para a de Manassés,
18 e lhe disse: “Não, meu pai, este aqui é o mais velho; ponha a mão direita sobre a cabeça dele”.
19
Mas seu pai recusou-se e respondeu: “Eu sei, meu filho, eu sei. Ele
também se tornará um povo, também será grande. Apesar disso, seu irmão
mais novo será maior do que ele, e seus descendentes se tornarão
muitos povos”.
20
Assim, Jacó os abençoou naquele dia, dizendo: “O povo de Israel usará
os seus nomes para abençoar uns aos outros com esta expressão: Que Deus
faça a você como fez a Efraim e a Manassés!” E colocou Efraim à frente
de Manassés.
21
A seguir, Israel disse a José: “Estou para morrer, mas Deus estará com
vocês e os levará de volta à terra de seus antepassados.
22
E a você, como alguém que está acima de seus irmãos, dou a região
montanhosa que tomei dos amorreus com a minha espada e com o meu
arco.