Texto adaptado da revista Diálogo e Ação, ed. JUERP
Durante os vários
séculos da atividade dos profetas, a história de Israel e de Judá foi
largamente afetada pelas ambições de três grandes países: Assíria, Babilônia e
Pérsia. E de tal modo o domínio foi exercido pelos vencedores, que podemos
agrupar os acontecimentos conforme o período desse domínio exercido. As datas
são, por vezes, apenas aproximadas e, por isso, não admira que nem sempre
concordem as cronologias apresentadas.
a) O período assírio
Durante a maior
parte do reinado de Jeroboão II (783-743 a.C.) a Assíria encontrava-se
plenamente absorvida com os seus assuntos internos, de maneira a não incomodar
as pequenas nações, que prosseguiam tranquilamente na sua política
individualista. Jeroboão estendera as fronteiras do norte até os limites do
reinado de Davi, com exceção de Judá. Esse acontecimento já fora anunciado por Jonas
(2Rs 14.25) e seguido por um largo
período de prosperidade material, como se depreende da pregação de Amós e
Oseias. Esses profetas não deixam, todavia, de acentuar o declínio espiritual e
a corrupção dos costumes que até então atingiram um nível nunca alcançado.
Em 745 a. C.
Tiglate-Pileser III, após uma série de campanhas militares, procurou infiltrar-se
na Ásia ocidental, acontecimento também previsto por Amós e Oseias, mercê dos
pecados de Israel. Amós, por exemplo, profetizou a destruição da corte real,
profecia que se cumpriu quando Zacarias, sucessor de Jeroboão, foi assassinado
pelo usurpador Salum, após um efêmero reinado de 6 meses. Com a queda da
dinastia de Jeú, a história de Israel sofreu novas alterações. Cinco reis
subiram ao trono e em breve espaço desapareceram. Ao cabo de um mês Salum foi assassinado
por Menaém, que passou a reinar dez anos, embora durante quase cinco pagasse
tributo à Assíria. Quando, porém, subiu ao trono seu filho Pecaías, uma revolta
substituiu-o por Peca que, não concordando com a política da Assíria, formou
uma aliança com a Síria e atacou Judá, possivelmente por não querer aderir
àquela aliança. Foi nesse tempo que Isaías previu a queda de Samaria e Damasco.
Não obedecendo aos conselhos do profeta, o rei da Judeia, Acaz, pediu socorro à
Assíria, a que Tiglate-Pileser III respondeu com a invasão de uma grande parte
de Israel, levando a população dos territórios invadidos e reduzindo o reino do
norte a estreitas fronteiras. Peca foi assassinado por Oseias, e Israel mais
uma vez passou a pagar tributo à Assíria. Em 732 a.C. Damasco sofre a invasão
da Assíria, o mesmo sucedendo dez anos mais tarde a Samaria. Oseias, encorajado
pelo Egito, revolta-se contra a Assíria, mas falhou a tentativa de atingir a
liberdade. A cidade foi cercada pelo exército de Salmaneser V e, após três
anos, capitulou ao seu sucessor Sargom II. Os sobreviventes foram exilados e o
reino do norte deixou de existir.
Como Israel, no
reinado de Jeroboão, Judá no tempo de Uzias aproveitou a relativa liberdade e
independência para desenvolver o poderio militar e intensi car o comércio. Coroadas de êxito
tais tentativas, não deixou, todavia, esta prosperidade material de conduzir ao
esquecimento de Deus. Isaías, que começou a sua missão profética no ano da
morte de Uzias (Is 6), oferece-nos
uma descrição real dos males sociais e religiosos do tempo de Jotão. Em virtude
de Acaz, seu sucessor, não ouvir as advertências do profeta na altura da guerra
entre a Síria e Efraim, Judá perdeu a sua independência, o que veio trazer
consequências desastrosas para a vida religiosa da nação.
Durante algum
tempo, Ezequias continuou a política de sujeição de seu pai e, quando o Egito
pensou em fomentar uma revolta entre as nações mais pequenas, Isaías opôs-se a
uma aliança e previu a queda do país. Ezequias, todavia, associou-se ao
usurpador babilônico Merodaque-Baladã, depois do que, Isaías profetizou o
cativeiro de Babilônia (2Rs 20.12-21).
Morto Sargom II em 705 a.C., Ezequias revoltou-se contra a Assíria e atacou os filisteus,
que eram seus tributários. A invasão de Senaqueribe, que terminou pela
libertação miraculosa de Jerusalém, causou uma profunda impressão, e passou a
confiar no Senhor, pelo amor que dedicava à cidade santa. Durante o período
difícil, Isaías encorajou o rei e o povo a confiarem sempre no Senhor. Mais
tarde, porém, vai censurar a nação por não dar glória a Deus, que acabava de
derrotar o inimigo. A reforma de Ezequias, efetuada no tempo de Isaías e
Miqueias, eliminou as práticas introduzidas por seu pai Acaz (2Rs 16.2-4,10-12). Seu filho Manassés,
porém, prestou vassalagem à Assíria e voltou ao paganismo, dessa vez
acompanhado de uma série de perseguições e de atos de violência, que tornaram
detestável o seu reinado.