Texto adaptado da revista Diálogo e Ação, ed. JUERP
b) O Período neo-babilônico
Em 608 a.C.,
Faraó Neco levou a cabo uma expedição ao Eufrates, e Josias, receando talvez
pela liberdade do seu povo, saiu-lhe ao encontro e deu-lhe batalha em Megido. Os
acontecimentos que se seguiram em Judá têm uma estranha semelhança com a de
Israel nos últimos anos. Só um dos quatro restantes reis de Judá morreu de
morte natural. Tal como os profetas Oseias e Isaías – um dentro e outro fora do
reino – estiveram em contato com os acontecimentos de Israel, assim Jeremias e
Ezequiel na luta final de Judá foram os mensageiros da palavra de Deus ao povo.
Depois da morte
de Josias subiu ao trono seu filho Jeocaz, num reinado de curta duração, pois
após três meses foi deposto, e exilado por Faraó Neco, que entregou o trono a seu
irmão Jeoaquim. Jeremias compara a injustiça deste com o reto proceder do pai
em relação aos pobres e necessitados (Jr 22.13-19). E das suas palavras se conclui, que nesse reinado também se
levantou uma onda de paganismo gigantesca e avassaladora. A série de reformas promulgadas
não alteraram o espírito da nação.Quem se beneficiou foi o Egito, que
imediatamente aproveitou a sua supremacia para influir nos ânimos mais tímidos.
Em 605 a.C., Neco
perdeu a vida na batalha de Carquémis em luta com os babilônios. Judá foi
subjugada e durante três anos Jeoaquim prestou vassalagem a Nabucodonosor, filho
de Nabopolassar. Pouco depois Judá revoltou-se, mas, antes que Nabucodonosor interviesse
para dominar a situação, faleceu Jeoaquim e subiu ao trono Joaquim, seu filho.
Três meses mais tarde, em 597 a.C., capitulou e Nabucodonosor levou-o cativo
para Babilônia, juntamente com as pessoas mais destacadas do país. Esse
cativeiro durou 35 anos.
A capitulação do
rei de Judá veio, no entanto, prolongar a vida de Jerusalém por mais dez anos.
Matanias, tio do rei cativo, foi colocado no trono por Nabucodonosor que lhe
mudou o nome para Zedequias. Em 594 a. C., surgem embaixadores dos pequenos estados
vizinhos a solicitarem apoio para uma revolta comum. Isso deu motivos à
discussão travada entre Jeremias e Hananias, em virtude de o primeiro não ser
favorável à dita revolta (Jr 28.1-7).
No momento o motim não chegou a realizar-se, vindo, porém, a suceder mais tarde
no tempo de Faraó Hofra com um novo cerco a Jerusalém. Faraó, porém, foi
derrotado pelos homens de Nabucodonosor, e em 586 a.C., após uma resistência
tenaz, a cidade foi tomada e deportados quase todos os seus sobreviventes.

Dos primeiros
cativos levados para Babilônia salientaram-se Daniel e seus companheiros que,
apesar de viverem na corte pagã, ficaram sempre fiéis ao culto de Jeová. De dois
passos de Ezequiel (Ez 14.14,20)
muitos concluem ser familiar a história de Daniel aos outros exilados, que lhes
servia de exemplo.
O livro de
Ezequiel fala-nos largamente dum grupo de judeus cativos que, levados com
Joaquim, se tinham estabelecido num lugar chamado Tel-Abibe. O profeta era um
membro dessa colônia. Da carta que Jeremias lhes dirigiu (Jr 29) pode deduzir-se que gozavam de grande liberdade, pois é
provável que vivessem em bairros próprios ou então num extenso território
demarcado, onde não poderiam considerar-se prisioneiros no sentido rigoroso da
palavra. Foram os anciãos que aí organizaram a vida social e religiosa, enquanto
outros se entregavam livremente ao comércio, que prosperava cada vez mais, como
podemos verificar pelos impostos que mais tarde foram lançados
para a reconstrução do templo. Sob o aspecto religioso foi maior ainda o progresso. Longe de Canaã, nunca mais se deixaram seduzir pelos seus Baals. Nada poderia conduzi-los ao culto dos deuses dos vencedores assírios e egípcios. Graças à eficiente pregação de Ezequiel, e esquecidos os deuses de Babilônia, depressa era fácil regressar ao Deus de seus antepassados. Os sacrifícios não poderiam com facilidade ser oferecidos a Jeová, mas a oração iria substituí-los. Guardava-se o sábado. Provavelmente lia-se a Torá com regularidade e em público, o que vinha fortificar os espíritos e contribuir para a divulgação da verdade. Era o princípio da sinagoga.
para a reconstrução do templo. Sob o aspecto religioso foi maior ainda o progresso. Longe de Canaã, nunca mais se deixaram seduzir pelos seus Baals. Nada poderia conduzi-los ao culto dos deuses dos vencedores assírios e egípcios. Graças à eficiente pregação de Ezequiel, e esquecidos os deuses de Babilônia, depressa era fácil regressar ao Deus de seus antepassados. Os sacrifícios não poderiam com facilidade ser oferecidos a Jeová, mas a oração iria substituí-los. Guardava-se o sábado. Provavelmente lia-se a Torá com regularidade e em público, o que vinha fortificar os espíritos e contribuir para a divulgação da verdade. Era o princípio da sinagoga.
Em 561 a.C., morreu Nabucodonosor. Os três
reis que lhe sucederam reinaram por períodos relativamente curtos. Julga-se que
o último, Nabonido, se tenha retirado para a Arábia, depois de ásperas
contendas com os sacerdotes. Tornou-se co-regente seu filho Baltasar. Alguns
anos antes Ciro, governador de Chuchan, pequena província do Elã, revoltou-se
contra Astíages, rei da Média, e iniciou uma série de conquistas. Espreitava-o,
porém, a ambição desmedida da Lídia, da Babilônia e do Egito, que se apressaram
a formar uma coligação contra ele. Creso, rei da Lídia, todavia, atreveu-se sozinho
a enfrentá-lo e em 546 a.C. viu a sua capital Sardes invadida e todo o reino
devastado. Ciro então voltou a Babilônia, que submeteu sem esforço, em 539 a.C.
O gênio militar e outras virtudes guerreiras desse monarca entusiasmaram a
imaginação dos escritores antigos. E assim termina o período babilônico com a
subida ao poder do grande rei.