União de Jovens e Adolescentes Cristãos
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Tiago 1.22a

domingo, 5 de janeiro de 2014

O Fundo Histórico dos Profetas Maiores (parte 2)

Texto adaptado da revista Diálogo e Ação, ed. JUERP

b) O Período neo-babilônico

   Em 608 a.C., Faraó Neco levou a cabo uma expedição ao Eufrates, e Josias, receando talvez pela liberdade do seu povo, saiu-lhe ao encontro e deu-lhe batalha em Megido. Os acontecimentos que se seguiram em Judá têm uma estranha semelhança com a de Israel nos últimos anos. Só um dos quatro restantes reis de Judá morreu de morte natural. Tal como os profetas Oseias e Isaías – um dentro e outro fora do reino – estiveram em contato com os acontecimentos de Israel, assim Jeremias e Ezequiel na luta final de Judá foram os mensageiros da palavra de Deus ao povo.
   Depois da morte de Josias subiu ao trono seu filho Jeocaz, num reinado de curta duração, pois após três meses foi deposto, e exilado por Faraó Neco, que entregou o trono a seu irmão Jeoaquim. Jeremias compara a injustiça deste com o reto proceder do pai em relação aos pobres e necessitados (Jr 22.13-19). E das suas palavras se conclui, que nesse reinado também se levantou uma onda de paganismo gigantesca e avassaladora. A série de reformas promulgadas não alteraram o espírito da nação.Quem se beneficiou foi o Egito, que imediatamente aproveitou a sua supremacia para influir nos ânimos mais tímidos.
   Em 605 a.C., Neco perdeu a vida na batalha de Carquémis em luta com os babilônios. Judá foi subjugada e durante três anos Jeoaquim prestou vassalagem a Nabucodonosor, filho de Nabopolassar. Pouco depois Judá revoltou-se, mas, antes que Nabucodonosor interviesse para dominar a situação, faleceu Jeoaquim e subiu ao trono Joaquim, seu filho. Três meses mais tarde, em 597 a.C., capitulou e Nabucodonosor levou-o cativo para Babilônia, juntamente com as pessoas mais destacadas do país. Esse cativeiro durou 35 anos.
   A capitulação do rei de Judá veio, no entanto, prolongar a vida de Jerusalém por mais dez anos. Matanias, tio do rei cativo, foi colocado no trono por Nabucodonosor que lhe mudou o nome para Zedequias. Em 594 a. C., surgem embaixadores dos pequenos estados vizinhos a solicitarem apoio para uma revolta comum. Isso deu motivos à discussão travada entre Jeremias e Hananias, em virtude de o primeiro não ser favorável à dita revolta (Jr 28.1-7). No momento o motim não chegou a realizar-se, vindo, porém, a suceder mais tarde no tempo de Faraó Hofra com um novo cerco a Jerusalém. Faraó, porém, foi derrotado pelos homens de Nabucodonosor, e em 586 a.C., após uma resistência tenaz, a cidade foi tomada e deportados quase todos os seus sobreviventes.
   Entre os que ficaram no país contava-se Jeremias, que os babilônios libertaram, pelo fato de aconselhar a rendição (Jr 39.1-14). O governador Gedalias, nomeado por Nabucodonosor, não conseguiu, todavia, manter a paz e a ordem, pelo que foi assassinado por um grupo de conspiradores chefiados por Ismael(Jr 41.2), que fugiu para junto do rei de Amom. O resto do povo, conduzido por Joanã, dirigiu-se para o Egito e com ele seguiu Jeremias. Estabelecendo-se nas cidades fronteiriças, depressa foi posto de lado o culto a Jeová. É que os espíritos ficaram completamente transtornados após a destruição de Jerusalém. Quando Jeremias protestou contra o culto da Rainha do Céu, então frequente entre os judeus no Egito, as mulheres logo replicaram que não podiam abandonar tal culto, uma vez que só a adversidade as perseguia, desde que seus pais deixaram de o praticar.
   Dos primeiros cativos levados para Babilônia salientaram-se Daniel e seus companheiros que, apesar de viverem na corte pagã, ficaram sempre fiéis ao culto de Jeová. De dois passos de Ezequiel (Ez 14.14,20) muitos concluem ser familiar a história de Daniel aos outros exilados, que lhes servia de exemplo.
   O livro de Ezequiel fala-nos largamente dum grupo de judeus cativos que, levados com Joaquim, se tinham estabelecido num lugar chamado Tel-Abibe. O profeta era um membro dessa colônia. Da carta que Jeremias lhes dirigiu (Jr 29) pode deduzir-se que gozavam de grande liberdade, pois é provável que vivessem em bairros próprios ou então num extenso território demarcado, onde não poderiam considerar-se prisioneiros no sentido rigoroso da palavra. Foram os anciãos que aí organizaram a vida social e religiosa, enquanto outros se entregavam livremente ao comércio, que prosperava cada vez mais, como podemos verificar pelos impostos que mais tarde foram lançados
para a reconstrução do templo. Sob o aspecto religioso foi maior ainda o progresso. Longe de Canaã, nunca mais se deixaram seduzir pelos seus Baals. Nada poderia conduzi-los ao culto dos deuses dos vencedores assírios e egípcios. Graças à eficiente pregação de Ezequiel, e esquecidos os deuses de Babilônia, depressa era fácil regressar ao Deus de seus antepassados. Os sacrifícios não poderiam com facilidade ser oferecidos a Jeová, mas a oração iria substituí-los. Guardava-se o sábado. Provavelmente lia-se a Torá com regularidade e em público, o que vinha fortificar os espíritos e contribuir para a divulgação da verdade. Era o princípio da sinagoga.
   Em 561 a.C., morreu Nabucodonosor. Os três reis que lhe sucederam reinaram por períodos relativamente curtos. Julga-se que o último, Nabonido, se tenha retirado para a Arábia, depois de ásperas contendas com os sacerdotes. Tornou-se co-regente seu filho Baltasar. Alguns anos antes Ciro, governador de Chuchan, pequena província do Elã, revoltou-se contra Astíages, rei da Média, e iniciou uma série de conquistas. Espreitava-o, porém, a ambição desmedida da Lídia, da Babilônia e do Egito, que se apressaram a formar uma coligação contra ele. Creso, rei da Lídia, todavia, atreveu-se sozinho a enfrentá-lo e em 546 a.C. viu a sua capital Sardes invadida e todo o reino devastado. Ciro então voltou a Babilônia, que submeteu sem esforço, em 539 a.C. O gênio militar e outras virtudes guerreiras desse monarca entusiasmaram a imaginação dos escritores antigos. E assim termina o período babilônico com a subida ao poder do grande rei.

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